Artigo

A entrada no mercado de trabalho pela via do setor de serviços

13 de novembro de 2013 16:26

Pertencente ao setor terciário da economia brasileira, o setor de serviços tem se colocado como uma das principais portas de entrada no mercado de trabalho. Com taxas positivas no âmbito da contratação formal, este setor tem se mostrado convidativo. Jovens entre 18 e 24 anos têm encontrado nele a tão desejada inserção no mundo do trabalho.

Nem mesmo a crise econômica iniciada em 2008 tirou o brilho ou ofuscou os seus resultados. Aliás, com ela, este setor reafirmou ainda mais sua importância. Respondendo por aproximadamente 60% do PIB – Produto Interno Bruto –, o setor de serviços se fortaleceu com o aquecimento do mercado interno e impulsionou a geração de emprego.

Segundo Fabio Bentes, economista que mapeou fontes do IBGE e do Ministério do Trabalho e Emprego, se pegarmos um comparativo da contribuição deste setor antes e depois da crise econômica internacional de 2008 no PIB, e no Mercado de Contratação Formal, verificaremos que o PIB passou de 57,3% para 58,2%, e que, dos 72,7% postos de trabalho formais, estes passaram a 76,1%.  Período este compreendido entre 2007 e 2012, o que aponta que enquanto para uns o período foi ruim ou de queda, para outros se mostrou como oportunidade.

A oportunidade está presente e percebida por muitos que escolheram o setor de serviços enquanto porta de entrada para carreiras e ocupações estratégicas. Com salários iniciais maiores que a média de mercado, já que a abertura de vagas não atendeu a demanda por trabalho naquela atividade requerida, o que fez muitos empregadores aumentarem os salários ofertados, acima da média de mercado, para buscar suprir suas necessidades de contratação.  Diante disto, as seguintes atividades foram favorecidas: comércio varejista; serviços veterinários; tecnologia da informação; manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos; prestação de serviços de informação; serviços para edifícios e atividades paisagísticas; alimentação; dentre outras, de acordo com fontes do Ministério do Trabalho e Emprego e da Divisão Econômica da CNC – Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo.

Segundo o ranking de remuneração via média nacional, o salário para admissão no mercado de trabalho formal no setor de serviços registra valores de R$ 1.177,89, ficando acima da média brasileira, que é de R$ 1.110,93, sendo a Indústria com maior remuneração registrada, R$ 1.243,57, e Agropecuária com menor índice, de R$ 900,02.

Esta aderência ao setor de serviços, como já apontado anteriormente, tem diferentes interfaces e justificativas que a impulsionam, como: o seu movimento crescente na economia; salários convidativos; abertura de campo de trabalho em diferentes áreas do conhecimento, e com perspectivas de novas áreas e serviços com escassez de mão de obra; vinda de grandes eventos para o Brasil, como Copa das Confederações, Copa do Mundo, Olimpíadas 2016; vinda e instalações de empresas multinacionais; descentralização de empresas pelo país, dentre outras.

No entanto, é importante entender que o próprio segmento também eleva este indicador, por ser ele aberto às vinculações a ocupações que, a partir do ensino fundamental, proporcionam ao trabalhador o alcance de oportunidades de emprego formal. Além disto, favorece o registro de experiências vinculadas ao primeiro emprego, em que a qualificação para o serviço tem, em si, o subsídio para executar, com profissionalismo, as tarefas que lhe são postas, entendendo que, para além da experiência, o conhecimento técnico também capacita para uma ocupação formal.

Exemplos destas portas de entrada no mercado de trabalho, com exigência de ensino fundamental incompleto, têm-se: os ajudantes de estruturas metálicas, atendente de balcão, atendente de lanchonete, auxiliar de pedreiro, caixa em supermercado, copeiro, cozinheiro geral, estoquista, pedreiro e repositor em supermercados. Já para o ensino fundamental completo, observam-se as vagas de auxiliar de limpeza, eletricista, encanador, esmerilador de metais, dentre outras ocupações. Vale salientar que estas amostragens são a nível Brasil, e que, dependendo da região, as empresas poderão aproveitar este acesso para níveis escolares mais altos, sendo, em muitas capitais, o ensino médio a base inicial para toda e qualquer ocupação, lembrando que a tendência é o aumento da exigência, o que sempre será aplicado em regiões com abundância de oferta de mão de obra e redução na oferta de vagas.

Esta breve retrospectiva nos aponta para a necessidade de mapeamento e de ajuste das lentes do mercado de trabalho para uma perspectiva mais otimista e focada em resultados na busca pelo emprego e pela qualificação. Se hoje as empresas estão buscando profissionais mais qualificados, com maior grau de escolaridade e de profissionalização, que é a qualificação em segmentos específicos de trabalho, ainda é bem verdade dizer que existem ocupações formais com menor grau de qualificação. Algumas apontam até o 5º ano incompleto do ensino fundamental. A questão posta é identificá-las e não se acomodar no ensino básico, pois, o que é garantido hoje, amanhã poderá não mais o ser.

Nesta perspectiva, nós trabalhadores precisamos entender que, para além de uma lógica de mercado, existe um fazer e um desenvolver que não se deve perder de vista, para não se cair na obsolitude da vida profissional. Não meramente no trabalho, mas que, para a partir daí, possamos entender quem somos e irmos cada vez mais longe, compreendendo que, apesar das circunstâncias, o Brasil é um país de oportunidades e de empregos. Se nossas filas do desemprego continuam longas e com histórias tristes, isto muito se dá pela falta de informação e foco. Talvez o governo, em suas políticas educacionais, e os brasileiros, em sua educação familiar, precisem incorporar, em seus ensinamentos, a previsão de uma vida profissional/produtiva pautada nas perspectivas do mundo do trabalho, no conhecimento das potencialidades locais, no projeto em longo prazo e de uma concepção de mundo que se inter-relaciona e impacta diretamente em nossos contextos de vida.

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