Artigo

Mercado de Trabalho: sintomas da crise e necessidade de reposicionamento do trabalhador.

19 de abril de 2016 16:17

Em 2015, começamos a presenciar uma série de acontecimentos de ordem política no contexto nacional que tiveram efeito cascata sobre o mercado de trabalho. Nesse período, o PIB do Brasil caiu 3,8% e teve o pior resultado em 25 anos. Apenas a agropecuária cresceu. A indústria recuou 6,2% e o setor de serviços, 2,7%. As expectativas se confirmaram, e a economia brasileira fechou 2015 em queda. A retração, de 3,8% em relação a 2014, foi a maior da série histórica atual do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Como consequência desse cenário, o consumo das famílias, que durante muitos anos puxou o crescimento da economia brasileira, recuou 4% em relação a 2015, revertendo o resultado positivo de 1,3% em 2014. Ainda segundo o IBGE, esse resultado veio da “deterioração dos indicadores de inflação, juros, crédito, emprego e renda ao longo de todo o ano de 2015”.

No contexto local, os dados apurados pelo Banco de Oportunidades do Senac CE, setor destinado ao encaminhamento de egressos ao mercado de trabalho, confirmam que o mês de março apresentou retração no volume das ofertas de vagas em relação a 2015, na ordem de aproximadamente 34%. Para o período, em 2016, as maiores procuras foram para as seguintes funções: atendente de telemarketing; auxiliar administrativo; atendente júnior; recepcionista; operador de caixa; vendedor; promotor de vendas; atendente de lanchonete; auxiliar de cozinha e atendente de loja.

Mesmo em um cenário macroeconômico desfavorável, março, quando comparado a janeiro e a fevereiro de 2016, esboçou avanço no aumento do número de vagas no Banco de Oportunidades do Senac CE. No entanto, os impactos sentidos, na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, foi de menos 50% no volume da oferta de vagas. Este é o momento em que o trabalhador brasileiro mais precisará investir em educação: tanto básica (escolaridade) quanto profissional (cursos profissionalizantes), pois com o enxugamento no volume de vagas as empresas estão ainda mais seletivas e exigentes. Neste momento, ter atitude positiva perante os desafios e agir estrategicamente fazem toda a diferença.

Outro fato a ser lembrado em relação ao fechamento do primeiro trimestre é que março é um mês que vem sempre carregado de sentimentos e lembranças das conquistas históricas alcançadas pelas mulheres ao longo dos anos, seja na sua emancipação familiar e política, seja na emancipação mercadológica, já que em 8 de março é celebrado o Dia Internacional da Mulher.

Fato interessante é que, ao ser criada, essa data não pretendia apenas comemorar, mas discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço foi o de buscar diminuir e, quem sabe um dia, terminar com o preconceito e a desvalorização da mulher em muitas sociedades.

Nesse sentido, analisando as movimentações do Banco de Oportunidades do Senac CE, no período de janeiro 2015 a março de 2016, chegou-se a um volume de mais de 4.500 vagas de emprego entre os Centros de Educação Profissional de Fortaleza, Sobral, Iguatu, Crato e Juazeiro do Norte. A partir dos dados, constatou-se que os resultados encontrados apontam que, do total de vagas atendidas, houve um superávit de participação feminina de 49% em relação à masculina. Constatou-se também que o número de encaminhamentos diretos de mulheres foi 57% superior ao dos homens e que as mulheres obtiveram 52% a mais de aprovação no resultado final das seleções.

Fato relevante, mas que ainda não se observa em contextos mais amplos de mercado, pois, mesmo com todos os avanços conquistados, as mulheres ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Embora conquistas e avanços já tenham ocorrido, muito ainda há para ser ressignificado nessa história.

De acordo com dados divulgados no Boletim Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) – Especial Mulheres, no apurado de 2015, em seu recorte por gênero, a perda de dinamismo do mercado de trabalho da região afetou mais intensamente as mulheres. A taxa de participação masculina passou de 66,8% para 66,0%, entre 2014 e 2015, já a feminina, que é historicamente menor, reduziu de 49,1% para 47,8%.

Números que só a reforçam os dados publicados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), no último dia 7 de março, no relatório “Mulheres no Trabalho: Tendências 2016”. O documento evidenciou que ainda vai levar mais de 70 anos para se alcançar a paridade salarial entre mulheres e homens. Em nível global, a diferença diminuiu apenas 0,6% entre 1995 e 2015, o que é muito pouco perto dos desafios da vida prática, pois as opções de emprego para as mulheres estão piores agora em comparação a 1995. Além disso, a hora trabalhada por dia é superior a dos homens.

O relatório mostra que as mulheres trabalham um maior número de horas e ganham menos, mesmo quando ocupam a mesma posição. Em média, o homem trabalha 8h07 e as mulheres, 9h20. Atualmente, as mulheres ganham 77% do salário que os homens recebem para executar o mesmo tipo de função, além de terem uma maior probabilidade de estarem desempregadas, em empregos de baixa qualidade ou em empregos na economia informal. Essa lacuna está ligada à desvalorização do trabalho realizado pelas mulheres e das habilidades exigidas pelos setores ou empregos dominados por elas. A pesquisa foi realizada em 178 países.

Se nacionalmente o balanço de desempregados já apresentava dados negativos, localmente, a situação não foi diferente. Em fevereiro, de acordo com a PED, a taxa de desemprego total da Região Metropolitana de Fortaleza apresentou crescimento ao passar de 10,2%, em janeiro, para 11,7% no mês em destaque, ficando também acima da média nacional, que foi de 8,2%. Com esse cenário, fica patente a necessidade da massa de trabalhadores envidar maiores esforços na busca por recolocação no mercado de trabalho. Nesse momento, as empresas estão mais seletivas e exigentes. Fatores como escolaridade, qualificação profissional, proatividade e atitude serão cada vez mais observados. A expressão sangue nos olhos define bem o perfil profissional tão desejado para enfrentar os percalços do atual cenário de retração.

Cada vez mais diferenciais competitivos serão requeridos: boa apresentação pessoal, domínio de informática básica e de um idioma estrangeiro para algumas funções específicas, como recepcionista em meios de hospedagem, auxiliares administrativos com foco em multinacionais, entre outros. Nesse cenário, fatores como escolaridade e qualificação profissional são determinantes para compor o currículo de um candidato à vaga de emprego.

Nesse sentido, o atual momento requer uma mudança na mentalidade do trabalhador brasileiro. É preciso repensar certas posturas no ato da negociação da contratação: flexibilidade para trabalhar em turnos não convencionais, como noite, horários de shoppings e em escalas ou turnos alternados; bem como aceitar prestar serviços em vez de ser contratado ou de se vincular a trabalhos temporários e estágios. Muitas vezes, a soma de benefícios como vale-alimentação, planos de saúde, odontológico e auxilio-educação trazem retornos muito além do esperado. Para isso, atitude de escuta é fator determinante.

Cursos Senac Ceará

Clique na área do seu interesse

Cursos por área

Gastronomia Hospitalidade Produção de alimentos Segurança alimentar Turismo Artes Comunicação Design Moda Beleza Saúde Comércio Gestão Conservação e zeladoria Idiomas Informática