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Primeiro dia de Fartura tem palestras sobre origens da gastronomia brasileira
Nesta sexta-feira (25), o Senac Aldeota sediou as primeiras ações do Festival Fartura Fortaleza. No Espaço Interativo, os alunos realizaram receitas das chefs Vânia Kreknisk (Limoeiro – Casa de Comidas/PR), Nilza Mendonça (CE) e Lia Quinderé (Sucré/CE); juntamente com os instrutores do Senac Ceará Pedro Henrique, Felipe Martins e Marilia Bayma. No Espaço Conhecimento, aconteceram três palestras sobre as origens da gastronomia brasileira.
A primeira trouxe a chef Solange Borges, do empreendimento Culinária de Terreiro (BA), para falar sobre a sua trajetória e experiência. Solange contou sobre os costumes do seu terreiro, que tem origem angolana, e trouxe uma das receitas para partilhar com o público presente: o Hitambolo. Á base de milho branco, esse é ofertado em dias de festa aos visitantes. “A minha cozinha é afro-brasileira e eu resolvi empreender para que todos conhecessem a culinária ancestral. Nem todo mundo tem preconceito, muitas pessoas querem visitar e conhecer porque respeitam nossa cultura e tradições”, disse.
A chef indígena Kalymaracaya Nogueira (MS) fez uma apresentação sobre sua tribo Terena, abordando não só os costumes, hábitos alimentares e produção artesanal, mas contextualizando sobre as questões ambientais, políticas e do preconceito que os povos indígenas enfrentam na sociedade. “Eu, por exemplo, nunca consegui um emprego formal em que pudesse ficar por muito tempo. Então, comecei a investir na culinária indígena e as pessoas gostavam, mas no dia seguinte tudo continuava igual. Eu queria levar a nossa cozinha pro mundo, para que as pessoas conhecessem e respeitassem”, contou. Hoje ela representa a comunidade indígena em diversos eventos e pretende continuar a luta para que a cozinha dos povos originários do Brasil seja reconhecida e ensinada nas escolas e faculdades, que têm como base a gastronomia francesa.
Para encerrar a programação do dia, o chef João Diamante (RJ), falou sobre a contribuição do povo preto para a gastronomia brasileira. Ele falou sobre como as pessoas escravizadas já ocupavam as cozinhas brasileiras desde o Brasil colônia; sobre pratos emblemáticos criados por esses – como a feijoada, que representa o país no mundo todo; e também sobre a luta pela valorização e reparação histórica para os povos originários, como os indígenas e pretos, no mercado da gastronomia e sociedade como um todo. “A gente está aqui para melhorar, resistir e mudar”, afirmou o chef, que também desenvolve o projeto Diamantes na Cozinha, que por meio da gastronomia promove a inclusão social de jovens.
O Festival Fartura Fortaleza continua neste sábado e domingo, na Estação das Artes, com ampla programação, incluindo Cozinha ao Vivo Mistura Senac, em que os chefs cozinham, conversam com o público e os pratos são vendidos. Tem também a já tradicional feira gastronômica e atrações culturais no Palco Sesc Ceará.
Veja a programação do Fartura em https://www.farturabrasil.com.br/.